1. Ensinar o valor de destruir e reconstruir brinquedos. Na segunda ação, nem sempre se terá sucesso material, o que não indica fracasso, todavia. Aliás, aprender que não é com facilidade que se consegue o que se quer - no caso, reconstruir o brinquedo -, ajuda o pequeno varão a lidar com suas próprias falhas, auxiliando no cultivo da humildade.
Quando quebrarem o brinquedo, outrossim, em momentos de raiva ou sem a intenção própria do gênio masculino de destruir e reconstruir, é bom que eles experimentem a perda, não comprando o pai um novo, e aprendendo o filho o valor de cuidar das suas coisas.
2. Incentivar esportes brutos: luta, futebol, corrida de carro (e de caminhão), futebol americano, rugby, provas tradicionais rurais. De preferência, não só assistir, como praticar. Não para que o menino seja um brutamontes, mas para que não tenha medo do desafio, aprenda a suportar as dores, compreenda noções de tática e estratégia, valorize o trabalho em equipe, e assuma seus riscos.
"O esporte é eficaz antídoto contra a moleza e a vida cômoda, acorda o sentido de ordem e educa ao exame e ao domínio de si, ao desprezo do perigo sem jactância nem pusilanimidade. Assim ele ultrapassa a robustez física para conduzir à força e à grandeza moral." (Pio XII)
Aqui no RS, por exemplo, e também na Argentina e no Uruguai, as provas campeiras imitam a lida de campo, a faina. E esta imita a guerra. O gaúcho é belicoso, militaresco por natureza, dado que nasceu peleando pela consolidação da fronteira. Nas provas, essa belicosidade é simbolizada. E muitos valores existem nelas: o companheirismo entre a peonada, a hierarquia (patrão, capataz, peão), a paternidade dos superiores, a humildade, a diferença entre homens e animais, o reconhecimento dos perigos da vida, o culto às tradições, a coragem (essa virtude tão esquecida em nossos tempos de amor à covardia), a disciplina, a laboriosidade, a vida em família, a técnica, a sabedoria transmitida de geração em geração (como encilhar um cavalo, como domar um potro, como laçar, e a profundida filosófica desses atos cotidianos), tudo isso é carregado de um simbolismo muito profundo que nos remete à Civilização Cristã.
A prova campeira, na pampa, é uma herança espanhola, um vínculo profundíssimo com a Idade Média.
"As pressões dos vizinhos criaram no gaúcho o espírito de disciplina, o respeito à autoridade e fizeram dos corajosos peões verdadeiros soldados. Os fazendeiros fundaram seu prestígio na ocupação das planícies e no valor militar demonstrado nas coxilhas. E as estâncias tiveram uma função civilizadora, na formação da alma gaúcha, com a criação de uma legenda guerreira e um profundo amor às tradições que persiste até nossos dias." (Carlos Sodré Lanna. Rio Grande do Sul: conquista, tradição e religiosidade)
A lida do campo é dura, mas é nela que muitas virtudes viris são cultivadas, muitas das quais fazem falta em nossa sociedade emasculada. A verdadeira contra-revolução e recristianização de nossa sociedade passa pela formação de autênticos machos, e a lida campeira é uma escola de virilidade. Amochar, carnear, casquear, esquilar, capar, marcar, laçar, tocar o gado etc, ensinam muito ao homem.
"A força física não constitui a essência da virilidade, senão o domínio das paixões e das forças do apetite, a retidão da vontade e o controle de si mesmo." (Cristo ao centro, 1156)
3. Pescar, para treinar a paciência e acalmar o excesso de virilidade. O homem bem formado, desde pequeno, saberá que há tempo para a reflexão.
A pesca é uma arte que ensina a serenidade. Quando pequeno eu pescava. Agora adulto, raras vezes acompanho meus amigos que são fãs de pescaria. Vou voltar, contudo, a pescar, sem compromisso, para ajudar meus filhos homens.
4. Caçar, para treinar também a paciência, e ensinar a dominar a estratégia, a trabalhar seus instintos, a respeitar sua presa, a valorizar as tradições que envolvem sua arte, a direcionar suas habilidades (pontaria, corrida, calma, senso de oportunidade, tomada de decisão), e a inserir-se em um meio cultural que, embora aberto às mulheres, favorece bastante a formação do caráter masculino.
A caça à raposa é uma tradição, por exemplo, cheia de significados: o esmero, o cavalheirismo, a cortesia, a delicadeza nos detalhes, a preparação, a disciplina, a distinção entre homem e animal, e, aparentemente paradoxal, a confiança entre homem e animal (seu cachorro), a técnica tradicional, tudo isso é uma gama de valores humanos que formam o ethos cultural que não se pode desprezar. Fazê-lo seria aderir ao positivismo comteano.
5. Incutir-lhes o espírito de sacrifício pelo próximo, notoriamente pelos menos capazes e sobretudo, embora muitas vezes mais capazes, pelas mulheres. O pequeno homem, desde cedo, deve ser um cavalheiro apto a se sacrificar em defesa da mulher.
Desde quando ser carinhoso e romântico, levando a namorada para jantar, é o contrário de ser macho? Eu sempre gostei de armas, cervejas caras, vinhos, charutos, carne, vida campeira, e, ao mesmo tempo, sempre ando bem arrumado (quase todos os dias de costume e gravata; no frio, com cachecol e sobretudo), e nunca falhei em dar flores para a Aline de surpresa, levá-la para jantar.
Aliás, eu mesmo preparo jantares extremamente delicados para ela seguidamente. Lavo a louça quando a empregada falha etc. A macheza que pregamos aqui é a virilidade, não a grossura de um porco que arrota e bota os pés na mesa.
O cavalheirismo é o conjunto de regras de comportamento ditados ao homem, em sua conduta com o próximo, especialmente a mulher. Sua origem remonta à antiga cavalaria andante, que é, por sua vez, a evolução laical das ordens religiosas de cavalaria. Isso significa que o cavalheiro, o homem educado e que sabe tratar as mulheres, tem o mesmo código dos antigos cavaleiros cristãos, sejam os consagrados templários, hospitalários e teutônicos, sejam os nobres que emprestavam seus serviços à defesa dos mais pobres, dos órfãos, das viúvas, das donzelas e dos peregrinos, sejam, enfim, os cavaleiros incorporados a um exército ou a um grupo liderado pelo senhor feudal na defesa da Terra Santa, da Igreja e dos vassalos daquele. Além disso, é um reconhecimento da alta missão do homem de proteger a mulher, e dá um golpe bem no rim do feminismo, tão anticristão. Sem sombra de dúvida, a gentileza e a boa educação devem ser seguidas por todos, independentemente de religião e de sexo.
A gentileza, praticada por quem quer seja, é uma manifestação da preocupação com o próximo, o que, embora faça parte de uma, digamos, "moral natural", é elevada a categoria de "mandamento" no cristianismo. Daí que, para o cristão, adquira um valor sobrenatural e, se realizada com esse intuito, seja um modo de colaborar com a ação da graça divina e um modo de santificação pessoal, de participar na natureza do Criador.
Já o cavalheirismo é uma espécie do gênero "gentileza". Se todos devem ser gentis, cabe ao homem, e só a ele, ser cavalheiro. Pois o cavalheirismo é uma maneira de expressar a gentileza, que parte não só do amor ao próximo, como da convicção pessoal de que eu, homem, possuo por missão a proteção das mulheres.
Se a gentileza trata do tema "caridade", o cavalheirismo trata da caridade e da justiça.
A cortesia, a etiqueta, a boa educação, mesmo que não seja consciente, é uma manifestação do pensar no próximo, da caridade para com o outro. Daí que seja uma virtude. Mesmo que alguém não as pratique por devoção, e até mesmo que não seja nem mesmo um cristão, não deixa de ser um valor humano.
E que código é esse? Defender os fracos. Proteger os caminhos. Honrar sua palavra. Ter compromissos. Adorar a Deus. Venerar a Virgem e os santos. Exaltar a Igreja.
Não é cortês, cavalheiro, o homem que abre a porta do carro apenas querendo apenas faturar a donzela, ou que acende seu cigarro com segundas intenções. O homem realmente cavalheiro, convicto de que o cavalheirismo tem origem cristã, vê na proteção à dama e no serviço a ela uma expressão do amor ao próximo, uma manifestação inequívoca da caridade cristã.
Um filho varão bem formado saberá, desde pequeno, abrir a porta do carro às damas, ceder-lhes o passo e o lugar, oferecer seu casaco, sentar-se depois, esperar todos terminarem de comer antes de se levantar da mesa, proteger as mulheres, ascender seus cigarros, molhar-se para que a mãe ou irmã (ou qualquer outra mulher) se proteja no guarda-chuva, mas fará tudo isso atento ao sentido de caridade e de cavalheirismo que o move.
6. Afastar todo espírito de "machão" como de "efeminado", mas com amor, com cuidado, com uma amizade bem próxima, sem caricaturas. Nada de aderir às modas "masculinistas" ou de sites envolvendo "búfalos", ok?
O machismo é anticristão, pois implica na tirania do homem sobre a mulher, deixando de reconhecer, na prática, sua igualdade essencial. Já o emasculamento iguala o homem à mulher naquilo que eles devem ser diferentes.
De pequeno, os filhos homens devem renunciar a ambas as posturas, que são fruto de nossa desregrada sociedade moderna.
7. Fazer o filho admirar o espírito de aventuras, ao ar livre, acampar, subir em árvore, não ter medo da chuva, saber nadar, fazer fogo, cozinhar sua própria comida no campo, não ter receio de "lucrar" pequenos ferimentos (e saber tratá-los em primeiros socorros).
Acampar favorece o espírito de liberdade, que, se é próprio de todo ser humano, é ainda mais explícito em um varão bem formado. Nas aventuras, a personalidade é muito bem trabalhada, e é necessário autodomínio, coragem, prudência, tomada de decisão, e o lidar com afazares que enriquecem o caráter.
As atividades ao ar livre são um grande treinamento de humanidade - pelo que valem para meninas e meninos -, mas devem ser ainda mais estimuladas para os rapazes. Cozinhar a própria comida em um fogo pelo guri mesmo preparado, saber se proteger do frio e do calor, são tarefas para meninos e meninas, e que, no entanto, favorecem muito ao desenvolvimento da personalidade de liderança e de coragem que são ainda mais requisitadas nos homens.
8. Deixar bem claro que a coragem não é uma virtude opcional para os homens, mas algo próprio de seu caráter. Ver filmes de guerra, de super-heróis, aprender a admirar os soldados, os bombeiros e os policiais, e gostar de arminhas de brinquedo ou fantasiar aventuras em que salva os demais, são tarefas fundamentais no aprimoramento masculino.
O meu amigo
Luís Guilherme explica:
"Os homens, hoje em dia, têm perdido a coragem. Coragem de fazer coisas simples, como pedir um emprego ou engajar em uma conversa com uma moça interessante, de enfrentar o chefe injusto ou de passar vergonha por uma boa causa. De ajudar uma pessoa necessitada, de defender a verdade. O Olavo de Carvalho garante que não aceita como alunos quem não tiver a coragem de defender a Verdade, e nisso ele está certíssimo."
9. Declarar guerra moral ao ócio e ao desprezo pelo trabalho duro. É preciso dar missões adequadas à sua idade e à sua masculinidade, e cobrar pelo esforço, ainda que nem sempre seja bem executada por situações que fujam ao controle do menino. As tarefas mais exigentes também estimulam o rapaz a ir além de expectativas e a adquirir autoconfiança, fundamental em sua tarefa de liderança na idade adulta.
Trabalhar de graça para os pais, para a avó, cuidando de suas flores, ajudando no reparo dos irmãos menores, lavando a louça, ensina o valor da caridade e o amor ao sacrifício.
10. Mostrar-se sempre orgulhoso do filho, de suas virtudes, de suas conquistas, e do rechaçamento que ele tem ao fracasso, amando-o incondicionalmente e dando, como pai, o primeiro exemplo de sacrifício pelos demais.
O guri deve, sem deixar o seu amor pela mãe, fruto de tê-lo carregado nove meses no ventre e o ter amamentado com o leite materno, bem como sempre ter estado próxima a ele, desenvolver uma relação de parceria e confiança com o pai. Na infância e na adolescência, o vínculo com o pai deve se estreitar, com a criança vendo no pai um modelo e se identificando com ele, de modo a afirmar-se em uma relação próxima, respeitosa e amorosa, no pleno cultivo de sua virilidade. A tarefa da mãe,
como diz o Carlos Ramalhete, é civilizar (ainda que apenas parcialmente) os molequinhos. Já a do pai é torná-lo um homem: honrado, cavalheiro, corajoso, viril. A mãe doma os instintos do guri, e o pai mostra para qual finalidade eles devem ser usados.
11. Ensiná-lo a se vestir de acordo com a ocasião. Não se trata de transformar o rapazote em um dândi, com terno e gravata até para jogar futebol, nem a ser afetado.
"Quanto mais educado é o homem mais ele sai de si mesmo e reconhece às pessoas, as circunstâncias, a sociedade à sua volta e procura participar dela da melhor maneira possível. Assim, a pessoa educada sabe que "deve" à sociedade uma participação, uma contribuição, que não é algo voluntarioso, ou algum serviço prestado de muito mau humor, ou que só acontece mediante fraudulento ganho ou regado de adulações. Mas é uma participação consciente, feita de eleições cotidianas sempre voltadas para eleger o bem.
Vestir-se bem para cada ocasião é parte desse reconhecer os demais e de saber o seu papel em sociedade. O homem que se veste mal é como o homem de maus modos, egoísta, grosseiro, etc., é pouco educado." (Leia tudo aqui.)
Não sou exemplo para quase nada, mas procuro me vestir de modo apresentável, até por conta de minha posição social e cultural, a dignidade da minha profissão, e para estar à altura de minha amada esposa, que, de tão elegante e distinta,
tem até um blog sobre isso. Ora, a elegância masculina não deve ser buscada apenas em dias árduos de labuta no escritório. Também o lazer pede que o homem, se é um cavalheiro, não se vista como um moleque ou um "retardado por opção".
Quanto ao moletom e jeans, bem, uma coisa é estilo, outra é desleixo. Claro, se o teu estilo não é andar de terno, e nem tua profissão pede isso, passar o dia inteiro de gravata chega a ser caricato. Não queremos caricatura de homens elegantes. Pode-se ser elegante com roupa casual. Por outro lado, o dia inteiro de jeans e moletom, que é uma roupa muito confortável para o fim de semana, ou para estar em casa vendo TV, pode ser desleixo.
Cada ocasião pede sua roupa. E é bom termos elegância com qualquer uma que vestimos. Penso, todavia, que se o traje com gravata não é a roupa de toda hora para todos, nem o jeans com moletom o é. Um jeans com camisa de botão e sapato (ou um sapatênis de bom gosto, se preferir) pode ser o ideal. Dependendo da idade, andar só de camiseta com moletom pode soar uma infantilidade muito grande.Já o "metrossexualismo" é outra caricatura.
Sensibilidade para com as mulheres e cuidado consigo mesmo não requer exageros, e o metrossexual é um exagerado. Eu corto o cabelo de 20 em 20 dias, faço barba diariamente (e uma vez por semana em barbeiro), corto as unhas, escovo os dentes. Entre o cara porco e grosseiro e o metrossexual existe um meio-termo: esse meio-termo é o homem elegante.